18 junho 2010

Uma canção e uma história #6

Uma canção que me lembra um lugar




Quando inventei o nome deste meu lugar vivia realmente um momento de felicidade refugiada na minha barriga onde crescia o Tigy. Naquele tempo, para mim, havia muito onde procurar razões para sentir a tal da felicidade e vivê-la, plenamente. Então criei não um refúgio de felicidade, mas sim um "Refúgios de Felicidade", no plural.

Este blogue completará em poucas semanas 5 anos, tantos quantos o Tigy fará em poucos meses para a frente e o meu casamento fez em poucos meses para trás.


De lá para cá fui fechando alguns dos refúgios onde buscava a minha felicidade: desiludi-me com alguns livros, cansei-me de alguns discos, perdi-me em alguns episódios das séries de sempre, mudei algumas rotinas, estranhei algumas pessoas, perdi outras tantas, esqueci algumas datas, deixei escapar alguns filmes, neguei alguns passeios, prendi algumas gargalhadas, apaguei alguns textos, escondi algumas verdades, adiei algumas conversas, ocultei alguns factos, não entendi alguns sinais, passei ao lado de bons dias, falhei. Falhei muitas vezes. E os refúgios eram cada vez mais pequenos e escondidos e iam dar todos ao mesmo lugar. O lugar onde vivia toda e qualquer felicidade. Pensava eu.


Cinco anos depois voltar a este meu lugar é ignorar o cabeçalho e morder o lábio onde se esconde a questão: mas, afinal, que felicidade é esta?


Sim. Tive vontade de mudar o nome. Ou de apagar o cabeçalho, de escurecer as cores do fundo, de trocar as palavras do título por coisa que condiga mais comigo. Não era solução original. Tive ainda vontade de trancar este lugar. De apagar. Desaparecer. Também não era coisa que não aconteça por aí todos os dias. Pensei numa pausa. Num tempo sem palavras. Sem novidades. Mas isso faço eu, por aqui, tantas vezes.


Então, decidi ficar. E decidir ficar é sempre muito mais complicado do que partir. Ficar é sempre muito mais pesado do que a tralha que se leva ao sair.


Cinco anos depois. Apenas cinco anos depois e tanta coisa pelo meio, há um casamento que acaba e que era o meu. Há um filho que cresce e que é sempre o melhor de mim. Há um blogue que fica. Com o mesmo cabeçalho sereno, com o mesmo fundo tão limpo, com o mesmo título tão hipócrita.


Esta canção lembra-me, então, este meu lugar. Por muito que ela conte que as regras da sensatez avisam para não voltarmos aos lugares onde fomos felizes este blogue fica. Fica mesmo. Para me lembrar que num lugar qualquer do mundo deve haver mesmo um, apenas um, refúgio de felicidade e que esse refúgio é o meu.

06 junho 2010

Nunca mais




Eu sempre fui a miúdas das certezas, dos definitivamente, dos para sempre, dos está decidido, do não há volta a dar. E viesse quem viesse, o Papa ou um decreto lei, não havia maneira de alterar o que estava decidido ou pensado ou dito. Por causa disso, e por muita racionalidade que fosse faltando, por muitos conselhos ou chamadas à razão que aparecessem, Beguinha que é Beguinha só decidia uma vez. Daí para a frente nada feito.

Isto tem tanto de convicção como de orgulho, tem tanto de teimosia como de segurança.
No seguimento disto, desde muito nova quando saía da minha boca qualquer coisa como "nunca mais" o nunca mais era mesmo nunca mais e não havia cá espaço para excepções. Por causa de histórias como estas já estive um ano sem comer chocolates, já perdi a conta aos meses em que estive sem beber coca-cola, já fiz dieta de bolachas e já me obriguei a comer um iogurte por dia. Isto para não acrescentar aquelas coisas como nunca mais passar em tal rua, nunca mais dizer tal palavra, nunca mais ouvir tal música, nunca mais estacionar o carro numa certa vaga, nunca mais entrar em determinada loja. Fica acrescentado no entanto.

Isto tudo teve sempre muito mais de obstinação do que de crença, muito mais de pensamento mágico do que simples tolice.


Mas, às vezes, é preciso pensar tudo outra vez. Dar voltas à cabeça, pensar as certezas que temos e mudar pelas certezas que devemos.
Porque há um momento certo para repensar tudo. Para mudar tudo. Para virar a gaveta do fundo, tirar tudo cá para fora, limpar o pó, rasgar os trapos. E mudar. E avançar. E recomeçar. E acreditar que essa coisa da felicidade ainda existe mesmo sem pensamentos mágicos ou sem "nunca mais" que podem bem nem durar para sempre.

01 junho 2010

Por acaso

eu até já desconfiava. Mas o Tigy acabou de confirmar que tem quatro anos e quando for grande quer ser cavaleiro e ir para Paris.
Por acaso parece coisa estranha.
Mas com tanto Dartacão, tal profissão do futuro não deve ser nada por acaso.